A Cotrijal reuniu nesta sexta-feira, 1º de agosto, mais de 500 produtores de leite no parque da Expodireto Cotrijal para a 6ª edição do Simpósio Leite Real. Ao longo da manhã, palestrantes reconhecidos em âmbito nacional apresentaram estratégias para otimizar o manejo de silagem de milho e para atingir melhores resultados a partir do bem-estar animal.

O conforto dos animais, além de atender à uma exigência emergente do mercado consumidor, proporciona melhores condições para a produção de leite, potencializando os resultados financeiros. De forma geral, bem-estar dos animais depende principalmente de três fatores: alimentação, ruminação e descanso. No entanto, para garantir o conforto das vacas, é preciso adotar estratégias de forma sistêmica. 

“Nós dividimos o trabalho com as vacas em compartimentos - como nutrição e qualidade -, mas esquecemos de avaliá-las como um todo. Quando falamos de instalações e manejo, precisamos ter uma visão mais sistêmica, mais geral, e não tão compartimentalizada”, ressaltou Wagner Abreu, médico veterinário, líder da divisão de bovinos de leite na Corti Avioeste e fundador do projeto Pecuária Descomplicada.

Nesse sentido, o conforto térmico é um dos principais desafios da atividade e exige diferentes procedimentos, conforme a estação do ano. No inverno, o mais importante é manter locais secos e macios para as vacas se deitarem. Já no verão, o maior problema é o estresse térmico. “A partir da fermentação do alimento, as vacas geram muito calor e nós precisamos ajudá-las na dissipação desse calor. Nós fazemos isso com água nos piquetes, sombra e sistemas de resfriamento ativo, que são os sistemas de aspersão e ventiladores”, explicou o médico veterinário.

A alimentação adequada também é essencial para que as vacas possam produzir o leite de forma satisfatória. Nos últimos anos, a sequência de estiagens, a falta de pastagens e o avanço dos sistemas de rebanho confinados tornaram a silagem de milho o principal alimento volumoso nas propriedades, sendo fundamental tanto para o fornecimento de fibras aos animais quanto como matéria-prima essencial para a produção de leite. Para evitar a escassez desse alimento, é recomendado planejar a próxima safra com o objetivo de gerar excedente, formando estoque de silagem. 

“Produza sempre mais do que a demanda, as previsões climáticas não são precisas o suficiente para sabermos o que acontecerá na próxima safra. E, pensando em formar estoque, quanto mais eficiente for a lavoura, mais alimento de melhor qualidade será armazenado, reduzindo o custo do processo à medida que aumenta a produtividade”, indicou o professor e consultor João Ricardo Alves Pereira, doutor em Zootecnia.

Entre as principais recomendações do palestrante para o manejo da silagem, está manter a lavoura sadia, aumentar a janela de corte e acompanhar atentamente o processo de colheita. Na sequência, a silagem deve ser armazenada com cuidado em locais limpos e secos. “Se a silagem conservar a qualidade, a vaca consumirá normalmente; porém, se a qualidade for baixa, o consumo não deve crescer, e isso, consequentemente, vai interferir na produção”, alertou Pereira.